DISTRITO FILOSÓFICO

“Nós ainda sonhamos”

 

Bradamos em alto e bom som para dizer-vos meus amigos, que apesar das ilusões perdidas, dos poetas mortos, dos partidos partindo corações, das ideologias negadas, da desesperança que nos esbofeteia, das dificuldades presentes e vindouras. Nós ainda sonhamos. É um sonho desconstruído, deforme, mas, ainda assim, um sonho…

Sonhamos que um dia teremos mais sonhadores que políticos, que se levantarão não para ocupar seus cargos, mas para viver e ensinar o verdadeiro significado da democracia, não como regime, mas como crença, cuja devoção se baseia no DEUS livre.

Sonhamos que um dia, nossas escolas parem de querer nos enquadrar e nos ensine a duvidar. E que a dúvida, inimiga das verdades totalitárias, seja enfim, mais corriqueira que a certeza. E que esteja claro a todos que um homem curioso vale mais do que dez homens inteligentes, porque a “curiosidade é mais importante que o conhecimento.”

Sonhamos com o dia em que a capacidade intelectual de um homem não seja medida pelo número de exatas que ele resolve, mas pelo número de incógnitas que ele propõe.

Sonhamos, com afinco e devoção, que na sua mais genuína concepção, possamos viver em um mundo em que sonhar não seja visto como loucura ou devaneio, mas como um ato de liberdade.